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sábado, 30 de abril de 2011

Padre Nunes



Igreja de S. Sebastião - Setúbal
Lembro-me como fosse hoje, era escuteiro do grupo nº 110 instalado na sacristia da igreja, pois o espaço era precário, sendo nessa altura o chefe dos escuteiros o Sr. Gonçalves, pois este senhor padre, era a imagem de nós todos, com o espírito e a boa vontade talvez
o grupo não alcança-se o lugar merecido, toda a alcateia tinham orgulho em ter um Prior que nos apoiava fortemente.  Foi ele que me deu coragem para ler o discurso em plena missa no acto da comunhão solene, foi ele que me deu o dinheiro para ir tirar o bilhete de identidade a fim de fazer o exame de admissão à escola comercial e industrial de Setúbal, isto porque os meus pais não tinham posses para tal.Sei que me sentia bem em toda a paróquia, como outros paroquianos. Para mim foi um símbolo que ainda recordo como um ser bondoso e honesto.
 Recordo que o acompanhava quase todos os dias da igreja de S. Domingos, para a igreja dos Grilos onde era o seu dormitório, despedia-me e regressava para minha casa tranquilo e contente, pela dedicação em prol da igreja.
    Em determinada altura deparei-me com um facto inédito, como era hábito o padre Nunes, pela dedicação há Igreja e aos seus paroquianos trabalhava até ao anoitecer, sendo que alguns paroquianos costumavam visitar
a  sacristia em quanto as portas da Igreja se encontravam abertas. E nessas circunstâncias um dia, ao visitar o Sr. Padre Nunes no seu gabinete deparei-me comuma triste cena ao ver que ele estava a sangrar pelo o rosto sentado na sua secretária de  trabalho.

   Fiquei apavorado como é natural tendo-me dirigido a ele perguntando o que se devia a tanta mazela, informou-me que tinha escorregado nas escadarias do altar e ao cair esfacelou parte do rosto, e nessa altura eu tinha que acreditar dado a minha idade, mas ?...com o passar dos anos em determinada altura, constatei que a versão que o Sr. Padre Nunes não era verdadeira, pelo facto que nessa época existia muita pobreza na cidade de Setúbal, ele que tinha um bom relacionamento com todos os pobres e necessitados, valia-se dos industriais conserveiros negociava em condições monetárias, sendo os montantes juntamente com as esmolas da igreja, e outros donativos, administrava bens e alimentos para distribuir a todos os necessitados da freguesia de S. Sebastião.

  Tudo foi ocultado durante muito tempo até que, no interior da Igreja as caixas das esmolas eram saqueadas e destruídas, assim como outros adereços pertences de decoração da Igreja, e agressões ao Sr. Padre, pelos personagens da P.I.D.E, mandatários de alguns industriais lesados, pois eles não estavam interessados em que o sacerdote da freguesia procedesse de forma como actuava em prol dos pobres e demais necessitados. A habitação onde nasceu o poeta Bocage, existiu uma escola primária, no primeiro andar, onde muitas crianças como eu, tinha-mos uma refeição todos os dias gratuita (sopa e um pão) , era conhecida pela escola da sopa, cujas instalações funcionavam no rés do chão ,sendo o patrono Sr. Padre Nunes, mais tarde a mesma foi encerrada. Muito mais daria para comentar, mas ficarei por aqui deixando este pequeno resumo, a uma figura carismática de uma época, ficando aqui a minha grande homenagem.

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